Hoje em dia, o diretor sindical tem enfrentado um drama que tem interferido muito em seu emocional.
Conviver com as demissões. Ninguém quer, jamais, ver um companheiro de trabalho ser demitido.
O diretor sindical que já experimentou vários mandatos em sua militância, tem entrado para trabalhar no seu setor, e quando olha ao seu redor, lhe parece que todos ali são desconhecidos; num primeiro momento, chamar alguém pelo nome é uma tarefa impossível; todos lhe parecem estranhos. E são mesmo. Novatos, a grande maioria. Não haveria nada de errado nisso, afinal, o sonho de todo sindicato é ver a categoria cada vez mais fortalecida, com muitos trabalhadores efetivos e potenciais associados. Mas o que a maioria das empresas tem feito, (principalmente as multinacionais) é demitir os trabalhadores veteranos-Aqueles com mais de quinze anos de casa; fazendo assim uma renovação do quadro; descaracterizando o ferfil de luta da categoria. Para um sindicato isso gera um prejuizo político de proporções inimagináveis; leva-se anos para se forjar uma grupo de trabalhadores na luta por seus direitos; ainda assim à custa de muita campanha e militância. Voltando à situação em que fica o diretor ao ver tantos companheiros serem demitidos, surge em sua mente um conflito que o faz até se sentir desconfortável pela sua ESTABILIDADE; ele mesmo começa se cobrar, vendo tal situação. Ainda que os sindicatos briguem, lutem, e protestem, as empresas usam e abusam da flexibilidade da lêi; o trabalhador fica desamparado; não existe nada que possa ser feito para obrigar a empresa a não demitir de forma banal; a não ser, colocarmos à luz da sociedade, expormos a sua marca negativamente, de forma que envegonhe a empresa.
Quando você vê o seu contemporâneo, de cinco, dez, quinze e vinte anos de casa, sendo descartado depois de tanto tempo, surge uma pergunta: ''O trabalhador serviu por tantos anos, e agora? não serve mais ? Foi demitido.
O sindicalista vê várias gerações de trabalhadores sendo admitidos, e demitidos; descartados, como se fossem apenas um número, uma matricula; as grandes empresas agem com indiferênça nessa relação patrão-empregado; não existe nenhuma sentimento de gratidão ou reconhecimento.
A sensação que dá é de raiva, de muita vontade de parar o mundo, ''chutar o pau da barraca', e esbravejar num protesto altisonante; gritar aos quatro ventos: Que injustiça !!
O diretor pensa: Eu tenho estabilidade, tenho lutado, me entregado de corpo e alma nessa luta, e ainda assim essas coisas continuam acontecendo. É verdade; como diz a letra da canção: ♫ Oh mundo tão desigual, tudo é tão desigual...♫ de um lado esse carnaval, do outro é fome total...♫
Enquanto não houver uma lêi que, de fato, proteja o trabalhador, garantindo um mínimo de sua empregabilidade, o diretor sindical vai chorar e chorar, e chorar, vendo esse ''carnaval'' do capitalismo selvagem; onde quem sempre dança é o trabalhador.